Friday, December 01, 2006

Do Fundo do Baú: II

«31.12.98:

Molas estragadas

Mede a minha humanidade pela minha desumanidade.

Estoú só e se me tocas, continuo só.
Se me bateres devagarinho, chorarei demasiado.
Digo-te: as tuas palavras não são verdadeiras palavras, as tuas carícias não são [verdadeiras carícias.
Só é Real o que é meu - e nem as minhas mãos são minhas!

Procuro Deus ou procuro o que é meu - tanto faz.

De nada adianta passares por mim tão bonita. Eu não te entendo.
Eu só entendo o forte e o fraco.
Tenho os sentidos estragados, como molas estragadas por serem estupidamente hipersensíveis.

Se me tocas e não estou distraído, dói-me.
Mas como eu gosto de adivinhar o teu toque!
- quem me dera ter saudades de ti.»

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